Gustavo Speridião, Jorge de León, Gabriel Borba Filho, Basel Abbas, Ruanne Abou-Rahme

Condo São Paulo 2019

Após bem sucedida primeira edição, realizada em 2018, o projeto Condo retorna a São Paulo desta vez apresentando 11 galerias internacionais em 9 diferentes espaços de São Paulo. Condo é uma exposição colaborativa de larga escala entre galerias internacionais. As galerias anfitriãs compartilham seus espaços com as galerias visitantes - seja co-curando uma exposição ou dividindo seus espaços. A iniciativa incentiva o debate e reavaliação dos modelos expositivos existentes, reunindo recursos para propor um ambiente mais propício para que galerias consigam expor novos formatos em intercâmbios internacionais.

 

Depois de intensa semana de trocas com o privilégio da presença dos artistas e galeristas, temos o prazer de convidar a todos a dividir nossos espaços com as as galerias Pm8, da Espanha, que traz o artista Gabriel Borba Filho e a Proyectos Ultravioleta, da Guatemala, com o artista Jorge de León acompanhado dos artistas palestinos convidados, Basel Abbas and Ruanne Abou-Rahme. A Sé apresenta trabalhos inéditos de Gustavo Speridião.

 

Gabriel Borba, para este projeto, exibe uma série de fotografias, colagens e vídeos vintage dos anos 1970 e duas pinturas de 1968 e 1969 respectivamente. Com uma obra histórica pouco conhecida no Brasil, Gabriel Borba iniciou seus experimentos em vídeo no começo dos anos 1970 junto a Walter Zanini no âmbito dos trabalhos do MAC USP. Trabalhou também como assistente do filósofo Vilém Flusser e é um dos fundadores da Cooperativa Geral Para Assuntos da Arte em 1974 e também da Cooperativa de Artistas Plásticos de São Paulo em 1978.

 

Jorge de León, dedica-se a uma prática artística relacionada à realidades urbanas de violência e exclusão desde a Guatemala. Forçado a viver nas ruas desde sua adolescência, integrou gangues locais como forma de sobrevivência. Nas gangues aprende a desenhar como tatuador e, depois de sofrer diversas formas de violência que quase lhe custaram a vida, decide ingressar na Escola de Artes da Guatemala onde inicia sua produção artística. A violência que o envolveu em sua juventude permeia todo seu trabalho de desenho, performance e fotografia.

 

Para a exposição na Sé, de León, no Brasil com exclusividade, desenvolverá uma série de obras site-specific na primeira sala da galeria. O artista cria uma nova instalação de sua série “Cristais”. Nela, convida os espectadores a entrarem no trabalho e olharem para baixo vendo a si mesmos refletidos no desenho monumental arranhado na tinta das folhas de metal sob o pano de vidro. O resultado é uma experiência única que nos lembra da nossa própria vulnerabilidade quando confrontados com a violência e também a percepção de que não importa onde estamos na sociedade, contribuímos para a mesma violência que nos rodeia. Por outro lado, ele apresenta uma nova série de frottages, na qual literalmente usa a superfície da cidade como um molde - ou mais especificamente, a Rua Largo Páteo do Colégio - para entender melhor a paisagem urbana que está enfrentando. Seu trabalho de pintura também poderá ser visto na sessão solo da SP-Arte em abril.

 

Gustavo Speridião, por sua vez,  apresenta uma série nova e inédita intitulada “O inventário de Problemas”. Uma sequência de pinturas de pequeno formato (70x90cm). Speridião insiste no plano pictórico como suporte para uma voz gráfica em constante estado de inquietude. Este plano que almeja abarcar a história e o cotidiano urbano, falar do desejo, do horror e do compromisso utópico da revolução poética. Speridião já participou de inúmeras exposições com destaque para Imagem Brasil, curada por Gunnar B. Kvaran, Thierry Raspail e Hans Ulrich Obrist em Montreal.

 

At those terrifying frontiers where the existence and disappearance of people fade into each other

é um novo vídeo de Basel Abbas e Ruanne Abou-Rahme que reflete sobre o que significa ser uma pessoa ilegal, um corpo ilegal, uma pessoa que não deveria existir ou se mover em certos espaços; uma presença impossível sob a ameça constante do desaparecimento, que paradoxalmente continua a aparecer nas fronteiras e entre as cercas de segurança. O trabalho ressalta o interesse dos artistas em performances, o território no qual as pessoas ainda clamam por suas vozes, corpos e lugares, tecendo fragmentos do trabalho mais pessoal e poético de Edward Said  “After the Last Sky” num roteiro recriado. No vídeo, a música é performada por múltiplos avatares humanos que parecem ter cicatrizes e aspectos de incompletude. Essas imperfeições, no entanto, geradas por glitches, são provenientes da baixíssima resolução das imagens base que circularam na internet à epoca da “Marcha do Retorno” que aconteceu na fonteira de Gaza em 2018. A marcha foi o ápice de uma série de atos feitos para marcar o que os palestinos chamam de Nakba, ou Catástrofe - uma referência à remoção forçada de 750.000 palestinos de suas casas e aldeias para abrir caminho para o estabelecimento de Israel em 1948. É através das limitações reais do software que a voz e o texto processam os movimentos dos personagens representados com outros significados.

 

Os artistas apresentados compartilham a multiplicidades de meios para sua produção, fotografia, desenho, vídeo, pintura. Compartilham sobretudo o caráter de urgência de suas obras como respostas à brutais conjunturas sociais e políticas. Denúncia, resistência, levante, são os gestos de confronto à violência e o terror político de ontem e hoje. Respostas cruas e intensas como uma boca que grita, agudas e potentes como um punho em riste.

 

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