Sertão Negro

Baobá no asfalto

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A exposição coletiva Baobá no asfalto reúne na Sé parte da produção de Abraão Veloso, Augusto César, Eve Cruvinel, Genor Sales, Jhony Aguiar, lía vallejo, Lucélia Maciel, Nayò, Òkun, Rafael Vaz, Tor Teixeira, Walmir Elias, William Maia e Xica, artistas assistentes e residentes do Sertão Negro Ateliê e Escola de Artes. O projeto, sediado em Goiânia, foi concebido por Dalton Paula e sua companheira Ceiça Ferreira, em 2021, e inaugurado no ano seguinte — Dalton é representado pela Sé desde 2014, tendo realizado a primeira exposição da galeria.

A abertura acontecerá no dia 2 de março, das 12h às 19h, numa tarde repleta de atividades que incluem oficina de gravura, performance, DJ set e sessão de curtas do Cineclube Maria Grampinho, cuja proposta curatorial destaca os cinemas negros (programaçao completa abaixo).

O grupo de 14 artistas apresentará camadas das pesquisas que se utilizam de pintura, fotografia, vídeo, gravura, desenho, objeto e costura para discutir sobre ancestralidade e o lugar de seus corpos no mundo, propondo contra-narrativas diante do apagamento de suas linhagens históricas e das feridas provocadas pelas violências estruturais de classe, raça, gênero e sexualidade.

Árvore nativa de África, o baobá é símbolo de muitas culturas tradicionais do continente africano. A imagem metafórica de plantá-lo no asfalto implica o desejo de provocar uma rachadura nas bases da cidade; nas premissas arbitrárias que definem os modos de existência do sujeito moderno: individualista, racional, imerso na sociedade de consumo, apartado da natureza, iludido pela pretensa linearidade do progresso. As raízes da árvore erodem a terra espoliada, explorada e privatizada, furam o solo em busca das águas, fonte da vida, liberando potências que apontam para uma superação da visão antropocêntrica do mundo. Os galhos do baobá reúnem a comunidade para a partilha de saberes de cura, proteção e pertencimento. Com as bênçãos dos mais velhos, o solo é alimentado pelo sagrado, abrindo caminho para pequenos rituais de enraizamento que, através da arte, evidenciam o nós ao invés do eu.

Abraão Veloso, Eve Cruvinel, Jhony Aguiar, lía vallejo, Nayò e Tor Teixeira propõem trabalhos sobre afetos e cortes que forjam outros significados para o corpo e suas representações. Através de diferentes materialidades, Lucélia Maciel, Òkun, William Maia e Xica reconstroem memórias e vivências familiares indissociáveis da cultura popular e da religiosidade afro-brasileira. Augusto César, Genor Sales, Rafael Vaz e Walmir Elias trazem à superfície narrativas sobre questões sociais que perpassam a cidade, o corpo e o cotidiano na periferia.

Serviço

Exposição coletiva: Baobá no asfalto
Artistas residentes e assistentes do Sertão Negro Ateliê e Escola de Artes: Abraão Veloso, Augusto César, Eve Cruvinel, Genor Sales, lía vallejo, Lucélia Maciel, Jhony Aguiar, Òkun, Nayò, Rafael Vaz, Tor Teixeira, Walmir Elias, William Maia, Xica
Abertura: Sábado, 02 de março de 2024, das 12h às 19h

Programação

14h - Oficina de gravura, com Augusto César e Xica (vagas limitadas por ordem de chegada, a partir dos 10 anos de idade)
16h - Sessão Cineclube Maria Grampinho, com os curtas da região centro-oeste: “A Piscina de Caíque” (2017), de Raphael Gustavo (GO) e “Amor de Orí” (2017), de Bruna Barros (DF); e um episódio da websérie “Cartas de maio” (2018), de Joyce Prado (SP). A cineasta estará presente no evento, participando de uma roda de conversa mediada pela pesquisadora Zanza Gomes, também curadora do Cineclube.
17h30 - Performance Um ato em três poemas, de Rafael Vaz
18h00 - DJ set com Genor Sales
E ao longo de toda a tarde, performance Natureza cyborg, de lía vallejo

Visitação até 16 de março de 2024

Sobre o Sertão Negro

O Sertão Negro Ateliê e Escola de Artes é um quilombo artístico-cultural de vivências e trocas localizado dentro do perímetro urbano de Goiânia, no Centro-Oeste do Brasil. O projeto foi concebido por Dalton Paula e sua companheira Ceiça Ferreira, em 2021, e inaugurado no ano seguinte. O ateliê compartilhado possui uma biblioteca com um acervo de três mil livros, além de equipamentos como prensa de gravura e forno industrial. No quintal, além dos chalés para hospedagem dos residentes, há uma choupana coberta com palha de piaçaba, onde são realizadas as aulas de capoeira angola, gravura e cerâmica; e as sessões do Cineclube Maria Grampinho, cuja proposta curatorial destaca os cinemas negros. Construído em uma área de quase de 1.000 m² rodeado por várias árvores, plantas medicinais e flores, o Sertão Negro foi pensado para ser ecologicamente consciente, desde a coleta de água da chuva, a utilização de técnicas de bioconstrução até a preservação de espécies nativas do cerrado. Em apenas dois anos de atividades esse espaço tem se destacado no cenário artístico do Centro-Oeste brasileiro, possibilitando articulações internas, com a comunidade de Goiânia e diversos agentes do mercado artístico, como artistas nacionais e internacionais, curadores, galeristas e colecionadores.

Sobre o Cineclube Maria Grampinho

Idealizado e coordenado pela pesquisadora Ceiça Ferreira, o Cineclube Maria Grampinho homenageia essa personagem histórica da Cidade de Goiás chamada Maria da Purificação, que ficou conhecida por um poema de Cora Coralina. Com muitas saias, uma centena de grampos no cabelo e uma trouxa repleta de botões coloridos, Maria Grampinho carregava sua história e seus sonhos. Nesse exercício de imaginar outras narrativas é que o cineclube busca ser um espaço educativo de exibição e discussão de filmes dirigidos e protagonizados por pessoas negras. Em sessões mensais realizadas no Sertão Negro Ateliê e Escola de Artes, o Cineclube Maria Grampinho oferece gratuitamente a exibição de filmes com pipoca e suco, seguida de debates ou rodas de conversa, visando a formação de público e a democratização da cultura para moradores da região norte de Goiânia.

Sobre a Oficina de gravura

Ministrada pelos professores Augusto César e Xica, a oficina de gravura em relevo, a partir de carimbos de borrachas escolares, quer propor uma introdução ao universo do gravar e imprimir onde a matriz gravada dá origem a pensamento poético que joga com o preto e branco das impressões. A gravura, assim, é um conjunto de técnicas, que elabora a reprodução de imagens e visualidades. A gravura em relevo tem a xilogravura como técnica mais conhecida porém seus princípios podem ser aplicados a outros materiais mais acessíveis e de fácil manuseio, proporcionando um entendimento rápido da técnica. Essa oficina é um recorte das aulas de gravura no Sertão Negro Ateliê e Escola de Arte, onde fazer carrimbos é o primeiro contato com a gravura. Vagas limitadas por ordem de chegada (a partir dos 10 anos de idade).

Rua: Al. Lorena, 1257 , Vila Modernista - Casa 2

Jardim Paulista

São Paulo / CEP 01424-001

tel+ (11) 3107-7047