Rebecca Sharp

Trago a mensagem do destino

 

Abrindo a programação de 2020, a Sé apresenta a primeira individual da artista paulistana, radicada nos Estados Unidos, Rebecca Sharp (1976). Em seu processo poético-espiritual, combina, por meio de uma afincada dedicação de mais de uma década, as práticas pictórica e meditativa. 

Sua obra, feita em transe, trata de uma variedade de planos astrais: insólitos mundos recobertos por abismos de vacuidade em vívidos matizes que convivem de modo vibrante. Cada uma das abstratas telas — marcadas por expressivos gestos a fim de materializar uma outra classe de geometria e luminosidade — funcionam como codificadas mensagens, provenientes de seu espaço anímico. “Como se tivéssemos a capacidade de entrar no subconsciente e tomar um retrato, um slide fotográfico”, descreve Sharp, “de um momento que após um instante se esfumaça”. E, para que ocorra a recepção (kabbalah) dessa mensagem, a artista recorre a um método de esvaziamento psíquico com o fim de que brilhe em máxima luminância tudo aquilo que soube e não pode ser visto.   

As obras, em sintonia com o título da mostra, operam como mensagens de origem ancestral ou futura, assim como cometas que voltam a aparecer. Em seu universo, esses luminescentes astros surgem como metáforas de corpos que viajam em diversas velocidades, direções e intensidades em espaço e tempo indefiníveis, e o olhar da artista, como como um telescópio, nos aproxima desses fenômenos remotos. 

Nesse espaço fantástico, de processos psíquicos-pulsionais, todos os elementos imagéticos e sígnicos apresentados por ela afetam e continuamente são afetados por eles mesmos em um magnetismo surreal, sem sinonímias de claro alcance. No começo de uma nova década, em um estado de guerra eminente, Sharp nos desvela a eficaz resistência que podemos encontrar dentro de nós mesmos: a permissão de iluminar tudo o que sabemos e que não pudemos ver. 

Com formação em Drama and Theater Arts na Goldsmiths College em Londres, em 2018 participou da 33o edição da Bienal de São Paulo, Afinidades Afetivas na sessão curada pela artista Sofia Borges. Em 2019, esteve em residência por cinco semanas no consagrado California Institute of the Arts. Com curadoria e texto dramatúrgico de Tiago de Abreu Pinto, a exposição ocupará o primeiro andar do novo espaço da Sé com pinturas inéditas, em sua maioria em pequeno formato, e esculturas em barro.

 

 

I bring the message of the destiny

Rebecca Sharp

Opening the 2020 program, Sé presents the first solo exhibition of Rebecca Sharp (1976), an artist from São Paulo based in the United States.  Her poetical-spiritual process combines, through a devotion of more than one decade, pictorial and meditative practices. 

Her work, made in a meditative state, deals with a variety of astral planes: unusual worlds re-covered by abysses of emptiness in vivid shades that co-exist in a vibrant way. Each of the abstract canvases - marked by expressive gestures in order to materialize another class of geometry and luminosity - work as coded messages, coming from her soulful space. "As if we had the ability to enter the subconscious and take a portrait, a photographic slide", describes Sharp, "from a moment that ceases to exist”. And, in order for the reception (kabbalah) of this message to occur, the artist uses a method of psychic emptying so that everything she knew and could not see may shine in maximum luminescence.   

Her works, in line with the title of the show, operate as messages of ancestral or future origin, just like comets that reappear. In its universe, these luminescent stars appear as metaphors of bodies that travel at different speeds, directions and intensities in indefinable space and time, and the artist's gaze, as a telescope, bring us closer to such remote phenomena. 

In this fantastic space, of deeply subtle pulsating processes, all the imagery and symbolic elements presented by it affect and are continually affected by each other in a surreal magnetism, devoid of clear synonymous reach. At the beginning of a new decade, in a state of imminent war, Sharp reveals to us the effective resistance that we can find within ourselves: the permission to illuminate everything we know and could not see. 

With a degree in Drama and Theater Arts at Goldsmiths College in London, in 2018 she participated in the 33rd edition of the São Paulo Biennial, Afinidades Afetivas, in the session curated by artist Sofia Borges. In 2019, she was in residence for five weeks at the renowned California Institute of the Arts. Curated and accompanied by a dramatic text written by Tiago de Abreu Pinto, the exhibition will occupy the first floor of the new Sé space, with unprecedented paintings, mostly in small format, and sculptures in clay.

 

 

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