Mestre Dicinho

Já fiz muitas coisas na vida, mas a minha vocação mesmo é a escultura. Minhas obras são feitas com uma massa que eu mesmo criei e muitas vezes uso ferramentas que também foram feitas por mim. Eu acho que a arte é o amor feito visível.

 

Mestre Dicinho (Jequié, Bahia, 1945) vive e trabalha em Salvador.

 

Adilson Costa Carvalho, o Mestre Dicinho, é um dos protagonistas da grande revolução cultural da Tropicália, movimento que inovou o panorama artístico brasileiro com a fusão de tradição, vanguarda e cultura pop. A produção visual do artista, extensa e diversa, atravessa pintura, ilustração, escultura, cenografia, figurino e performance. Destacam-se, contudo, as chamadas “esculto pinturas”, esculturas feitas em uma massa, a Copageti (acrônimo para cola, papel, gesso e tinta), desenvolvida por ele em anos de pesquisa. Posteriormente pintadas, as peças revelam uma estética associada à tropicalidade e à psicodelia, apresentando temáticas distintas que vão de representações figurativas de animas e humanos a elementos da cultura popular e abstrações geométricas. Com mais de 50 anos de produção, Dicinho possui uma poética visual singular, sendo um artista auto-exilado em seu ateliê na cidade de Salvador, mas que segue ativo, produzindo novos trabalhos e vendo sua obra ser redescoberta.

Nas décadas de 1970 e 1980, trabalhou com figuras de vulto da cultura brasileira, como Lina Bo Bardi, Rogério Duarte, Edinízio Primo, Waly Salomão, Gilberto Gil, Gal Costa, Jards Macalé e José Celso Martinez Corrêa. Participou de exposições nacionais e internacionais, com destaque para a mostra individual Dicinho - Animais, curada por Lina Bo Bardi (Sesc Pompéia, São Paulo, 1983). Sua obra foi revisitada na exposição A todo vapor, durante a III Bienal da Bahia, curada por Ayrson Heráclito (Salvador, 2014) e integrou as coletivas Histórias afro-atlânticas, curada por Adriano Pedrosa, Ayrson Heráclito, Hélio Menezes, Lilia Moritz Schwarcz e Tomás Toledo (Museu de Arte de São Paulo, 2018); Home Stories: 100 Years, 20 Visionary Interiors (Vitra Design Museum, Weil am Rhein, Alemanha, 2020) e A parábola do progresso, curada por Lisette Lagnado, André Pitol e Yudi Rafael (Sesc Pompeia, São Paulo, 2022-2023). Os trabalhos de Dicinho estão presentes nos acervos do Instituto Bardi, do Museu de Arte Moderna da Bahia e do Instituto Inhotim.

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I have done many things, but my true calling is the sculpture. I make my work with a paste created by myself, and I often use tools made by me too. I think art is love made visible.

 

Mestre Dicinho (Jequié, Bahia, 1945) lives and works in Salvador.

 

Adilson Costa Carvalho, Mestre Dicinho, is one of the protagonists of the great cultural revolution of Tropicália. The movement innovated Brazilian artistic panorama with the fusion of tradition, avant-garde, and pop culture. The artist's visual production, extensive and diverse, includes painting, illustration, sculpture, scenography, costume design, and performance. Of note, however, are the so-called "sculpture paintings" made of a paste, the COPAGETI (an acronym in Portuguese for glue, paper, plaster, and paint), developed by him in years of research. Later painted, the pieces reveal an aesthetic associated with tropicality and psychedelia, presenting different themes ranging from figurative depictions of animals and humans to elements of popular culture and geometric abstractions. With over 50 years of production, Dicinho has unique visual poetics. He is a self-exiled artist in his studio in Salvador, but he remains active, producing new works and seeing his work rediscovered.

Between the 1960s and 1980s, he worked with important figures in the Brazilian cultural scene, such as Lina Bo Bardi, Rogério Duarte, Edinízio Primo, Waly Salomão, Gilberto Gil, Gal Costa, Jards Macalé and José Celso Martinez Corrêa. He has participated in national and international exhibitions, highlighting the solo show Dicinho-Animais, curated by Lina Bo Bardi (Sesc Pompéia, São Paulo, 1983). His work was revisited in the show A todo vapor during the III Bienal da Bahia, curated by Ayrson Heráclito (Salvador, 2014), and was part of the group shows Histórias afro-atlânticas, curated by Adriano Pedrosa, Ayrson Heráclito, Hélio Menezes, Lilia Moritz Schwarcz and Tomás Toledo (Art Museum of São Paulo, 2018); Home Stories: 100 Years, 20 Visionary Interiors (Vitra Design Museum, Weil am Rhein, Germany, 2020) and A parábola do progresso, curated by Lisette Lagnado, André Pitol and Yudi Rafael (Sesc Pompeia, São Paulo, 2022-2023). Dicinho's works are in the collections of the Instituto Bardi, the Museu de Arte Moderna da Bahia, and the Instituto Inhotim.