Gui Teixeira

E o mais desaparecido é o que aparecerá com mais força

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A mostra individual do artista Gui Teixeira apresentará um conjunto de trabalhos, entre pinturas, colagens, registro de ação, escultura, vídeo e instalação. O título da exposição, E o Mais Desaparecido é o que Aparecerá com mais força, é tomado de um micro poema do escritor português Gonçalo M. Tavares. Com abertura no dia 25 de junho, das 12h às 19h, a mostra tem curadoria de Galciani Neves. Visitação até 20 de agosto.

 

Os trabalhos reunidos na exposição trazem os elementos geométricos e abstratos e as cores e formas simples que caracterizam a produção de Teixeira, para quem a arte é uma espécie de jogo. Central à concepção da mostra, está a tela Atravessamento II (2022). A pintura apresenta a imagem de um corpo azul repleto de aberturas e buracos, sugerindo a multiplicidade de experiências que formam - ou atravessam - o corpo humano em sua dimensão social e coletiva. Além deste trabalho, destacam-se também Parede para escalar com os olhos (2022), uma instalação de tinta acrílica e madeira, diretamente realizada na parede da galeria; a série de pinturas em pequeno formato Oráculo infinito (2022), que apresenta um conjunto de símbolos e abstrações que podem ser arranjados em combinações infinitas; e a instalação inédita Massagem social (2012-2022). Guardada na gaveta por 10 anos, a obra será apresentada pela primeira vez ao público.

 

Massagem social propõe uma situação de contato físico e cuidado mútuo. "Estamos vindo do isolamento social da pandemia - não que ela tenha acabado", pondera o artista, "mas estamos reaprendendo a sair de novo às ruas, aprendendo a nos proteger, voltando a conviver depois de termos ficado muito isolados". A estrutura circular criada por Teixeira é formada por 10 cadeiras de massagem, destas encontradas em aeroportos, de cores distintas e adaptadas para uma ação coletiva. Ao sentarem-se, as pessoas percebem que não estão ali apenas para receber uma massagem, mas também para fazer massagem na pessoa que ocupa a cadeira da frente.

 

A obra é inspirada em um dos exercícios do livro Jogos para atores e não atores, do diretor de teatro, ensaísta e dramaturgo Augusto Boal. A partir da proposta de realização de um círculo de massagem, Teixeira constrói um dispositivo de encontro. "Nos últimos tempos, a gente se embruteceu muito", explica o artista, "quero que a arte seja um espaço de troca, de crescimento, de fortalecimento e de cura". Teixeira gosta de pensar que, no espaço da arte, cada um, à sua forma, contribui para uma construção que é coletiva. A instalação será ativada na abertura da exposição e em todos os sábados, durante o período de visitação, entre 12h e 17h.

 

Para a curadora Galciani Neves, na primeira mostra individual de Gui Teixeira em uma galeria comercial há um forte desejo de pensar o espaço em que os trabalhos vão habitar. Assim, a expografia é, segundo ela, uma experimentação que parte de uma lógica interna dos trabalhos do artista: ora aderindo a uma espacialização mais ortoganal, ora se fazendo mais orgânicos. Outra questão importante são as formulações e ideias de corpo presentes em E o Mais Desaparecido é o que Aparecerá com mais força. Para Neves, algumas telas, instalações e vídeos de Teixeira apresentam corpos agentes e autores, ao mesmo tempo - de narrativas que se aproximam da experimentação prática e ética de Antonin Artaud e seu conceito do corpo sem órgãos (CsO), mais tarde explorado pelos filósofos Gilles Deleuze e Félix Guattari. Em linhas gerais, o CsO pleno pode ser entendido como um corpo revolucionário, preenchido de alegria, que afeta e aumenta a potência de existir do coletivo, e que, segundo os autores, se rebela contra a realidade dominante, que nos oprime. A curadora explica: "Gui traz um corpo poroso, que se quer oxigenado. É um corpo que interage com alegria com as coisas, com os seres e os espaços, numa abertura de si a novas e constantes conexões".

 

Serviço

Gui Teixeira: E o Mais Desaparecido é o que Aparecerá com mais força

Curadoria: Galciani Neves

Abertura: 25 de junho de 2022, das 12h às 19h

Encerramento: 20 de agosto

Ativação da instalação Massagem social: 09, 16, 23, 30/07 e 06, 13, 20/08, das 12h às 17h

 

Sobre o artista

Gui Teixeira (São Paulo, 1977) vive e trabalha em Piracicaba, São Paulo. É  artista, mestre em poéticas visuais pela Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo. Sua pesquisa tem como foco os encontros entre arte, jogo, ação política e processos de produção de si. Seus trabalhos demandam diferentes formas de participação do público, que é convidado a fazer escolhas, individual e coletivamente. Realizou as seguintes exposições individuais: Construção Infinita, FAMA Museu, Itu, 2021; Jogos Inventam Mundos, MARP, Museu de Arte de Ribeirão Preto, 2020; Social Board, Galeria Choque Cultural, São Paulo, 2017; Cosmontanhas, SESC Pinheiros, São Paulo, 2017; Suprematist Wall, L’Oil de Poisson e Le Lieu, Cidade de Quebec, Canadá, 2011; Nós e o Mundo, SESC São Carlos, 2011; Programa Anual de Exposições do Centro Cultural São Paulo, 2002; Paisagem Suspensa, Galeria da ECA-USP; 2001. Entre as exposições e situações coletivas que participou recentemente estão: Conexões Urbanas, Galeria de Arte do SESI (Av. Paulista e São José do Rio Preto), 2018/2020; Scapeland, Galeria Martha Traba, Memorial da América Latina, São Paulo, 2019; Festival de Arte de Porto Alegre, 2017; Festa das Lanternas, Saracvra, Rio de Janeiro, 2016; Bienal de Montevideo, 2016; Jogos do Sul, Centro de Artes Hélio Oiticica, Rio de Janeiro, 2016; Provocar Urbanos, SESC Vila Mariana, São Paulo, 2016; Festival de Arte da Ilha de Itaparica, 2015; Virada Cultural, Ocupação SESC Parque Dom Pedro, 2015; Rolê Board, SESC Campo Limpo, São Paulo, 2014; Deslize, Museu de Arte do Rio, Rio de Janeiro, 2013; LCAC - Laboratório Coletivo de Aventura e Criação, Mostra SESC de Artes, SESC Interlagos, São Paulo, com Alberto Tembo, 2012; Daquilo Que Me Habita, CCBB Brasília, 2012; Em Direto, Oficina Cultural Oswald de Andrade, 2012; Convite à Viagem, Rumos Itaú Cultural, exposição itinerante 2012-2013.

 

Sobre a curadora

Galciani Neves nasceu em Fortaleza e vive em São Paulo. É professora e curadora. Tem mestrado e doutorado em Comunicação e Semiótica pela PUC-SP. É autora do livro “Exercícios críticos: gestos e procedimentos de invenção” (Educ-SP e Fapesp, 2016). Desenvolve projetos curatoriais que traçam diálogos entre arte, literatura e questões ambientais. E atualmente é uma das diretoras artístico-pedagógicas da Biblioteca - Floresta.

 

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